Consumo consciente

08-05-2019

Não é por falta de informação. Seja para comprar uma peça de roupa, calçado, acessórios ou decoração todos gostamos dos melhores preços e de seguir consciente ou inconscientemente todas as tendências anuais. 

Até questionamos, admirados: "como conseguem estes preços nos saldos? E ainda ganham dinheiro?"! E quase nos sentimos roubados pelos preços irrisórios que as peças atingiram quando foram lançadas em nova coleção. 

Se nos quisermos dedicar a encontrar a explicação basta verificar nas etiquetas onde é que o produto foi fabricado. Há muitos anos que sabemos perfeitamente que o que vestimos, calçamos, usamos como acessórios e na nossa casa tem um origem assombrosa para a qual não queremos olhar:

  • Fabricado à custa de trabalho escravo e, não raras vezes, infantil;
  • Fabricado à custa da utilização massiva de recursos naturais;
  • Fabricado com a utilização de componentes químicos altamente poluentes;
  • Transporte gerador de uma gigante pegada energética e carbónica;

Afinal quem é que está a prejudicar quem? Quem é o responsável? As grandes empresas que fabricam estes produtos? Ou os consumidores que as alimentam e consequentemente apoiam o esquema? Afinal, todos nós contribuímos.

Até nos podemos sentir mal com estas informações. Mas o que não vemos, não sentimos! E vem sempre o velho hábito de achar que: "é tão giro e já foi fabricado, anyway" ou "se não comprar eu, outra pessoa vai comprar" ou "se eu não comprar, não vou fazer a diferença" ou "não tenho dinheiro para comprar outras marcas".

E assim pensam milhões de pessoas por todo o planeta, a cada segundo.

Porém, felizmente já existem imensas alternativas. Marcas conscientes, provenientes de comércio justo, que adotam os processos geradores do menor impacto possível e que utilizam os materiais e produtos naturais. E cada vez mais existem mais pessoas que as querem comprar! 

Para além das questões éticas e ambientais, por questões de saúde, muitas pessoas começam a ser literalmente obrigadas a optar pelas marcas que voltaram a utilizar materiais orgânicos. Sim, voltaram a utilizar. Pois todas as invenções sintéticas e químicas que hoje temos ao nosso dispor, apenas têm algumas décadas de existência. 

Os tecidos sintéticos, como por exemplo os poliésteres, provocam problemas dermatológicos. Para além disso, a cada lavagem libertam microplásticos. É muito simples - através da canalização vão acabar nos oceanos e, consequentemente, entram na cadeira alimentar e também no ciclo da água. Já devem ter conhecimento que já comemos e bebemos microplásticos! Parece que até já chovem microplásticos!

Então o que se pode fazer?

  • Menos é mais. Tira um tempo para fazer uma análise à tua casa! Vai aos teus armários, às caixas de armazenamento, às prateleiras, às gavetas escondidas (e até mesmo debaixo da cama, no sótão e na garagem). Junta tudo e sente: precisas mesmo disso tudo? Precisas mesmo de ir comprar ainda mais coisas? 
  • Escolhe e desapega-te. Quais são as coisas que realmente te fazem falta e te fazem sentir bem? O que é que não tem utilidade nenhuma? A partir desta consciência podes destralhar a tua casa e doar a quem mais precisa! 
  • Adere à economia circular. Podes remendar, reinventar e reutilizar! Ou utilizar até ao limite. Se tiveres mesmo de deitar fora, entrega em pontos de recolha que precisem desses artigos (utiliza a WasteApp). A reciclagem é a última opção. 

E quando precisamos mesmo de ter outras coisas?

  • Caso te sintas confortável com a ideia, podes trocar artigos com outras pessoas (amigos, familiares, colegas ou até em mercados de trocas). 
  • Podes também comprar artigos em segunda mão (feiras, lojas físicas e online). 
  • Se for uma necessidade temporária, podes pedir emprestado a alguém da tua confiança ou utilizar serviços de aluguer de roupa, calçado, etc. Quantas coisas tens que só utilizaste uma ou duas vezes? É um total desperdício. 

 Ok. E quando precisamos mesmo de coisas novas? 

  • Simplesmente, compra conscientemente! Onde foi feito? Com que impacto? Sob que condições? Com que missão e valores? Com que tipo de materiais?
  • A máxima "consumir local", não serve só para os alimentos. Eu opto, sempre que possível, por apoiar projetos portugueses! Produtores, artesãos, lojistas! Vamos contribuir para que pessoas cheias de talento e criatividade possam realmente continuar o seu percurso. É uma alternativa que, simplesmente, faz sentido. 

 A fotografia acima é da fantástica Porta 16 - Concept Store! Enviam encomendas para todo o país e reúnem uma seleção fantástica que vai do vestuário/calçado até aos artigos para a casa.Trabalham com marcas que reunem todos os critérios de sustentabilidade, como a SKFK e a Yerse! Se queres encontrar tecidos de alta qualidade (por exemplo, linho, algodão orgânico ou lyocell) e não tóxicos (livres de pesticidas e que utilizem tinturaria natural), este é a loja certa. 

Nessa loja poderás também encontrar peças de cerâmica da Bisarro! Já conheces este projeto? O conceito é aliar um design único à olaria de Bisalhães (o famoso barro preto).  Estes jovens criativos para além de reinventar a tradição, recuperam as raízes ancestrais desta arte que se encontra em vias de extinção. E claro, trabalham em parceria com as gentes e materiais locais! Diria que é uma ode à sustentabilidade. 

E por falar em recuperar raízes ancestrais, venho ainda falar-te da magnífica Soraya Meyer - Artwork! Faltam-me palavras para descrever esta artista que trabalha de alma e coração para criar peças únicas. Seja na bijuteria, pintura ou cerâmica - a Soraya dá um toque único e irrepetível a cada criação. Sempre em profunda ligação com a Natureza e com as causas do nosso planeta. Um trabalho genuíno que merece ser reconhecido e apoiado. E tantos outros existem, pelo nosso país fora.


Espero que este artigo te possa ajudar a fazer alguma coisa de forma diferente. Lembra-te que a pequena mudança individual, leva a uma revolução global.  Volto a repetir: não é por falta de informação.

Por uma Vida ECOnsciente,
Filipa Gouveia

© 2018 Blog para uma Vida ECOnsciente.       Feito à medida por Filipa Gouveia
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